Como ajudar os filhos a desenvolver a inteligência emocional?

Como pais queremos o melhor para os nossos filhos.

A partir do momento em que eles nascem (até muito antes disso) chamamos a nós a responsabilidade de os cuidar e proteger e de os ajudar a crescer para que possam um dia ser adultos felizes, satisfeitos com quem são e capazes de estabelecer relações felizes com os outros.

Mesmo que não consigamos protegê-los de tudo (nem isso lhes seria benéfico), mesmo que os nossos sonhos não se cumpram nos nossos filhos (porque assim não é para ser) e mesmo que muitas vezes não tenhamos as respostas prontas e ideais para todas as situações (porque elas são uma construção e aprendizagem constante), podemos efetivamente contar com aquilo que a ciência já nos ensinou acerca do desenvolvimento infantil, do nosso papel enquanto educadores e das premissas que são suporte ao desenvolvimento emocional dos nossos filhos. E aqui, sabemos já que a consciência emocional e a capacidade de gerir as nossas emoções que constitui o maior preditor da felicidade dos nossos filhos, o que nos traz algumas pistas de como podemos nós, enquanto pais e educadores estimular o desenvolvimento destas competências:

 

  • Começar sempre com a certeza de que só podemos ensinar regulação emocional se formos nós próprios capazes de nos auto regular e gerir os nossos turbilhões emocionais. Este é o primeiro passo e aquele que tantas vezes nos coloca em desafio imenso, porque exige humildade, porque exige consciência, porque dá trabalho e porque muitas vezes causa dor, necessária.

 

  • Reconhecer as emoções difíceis dos nossos filhos como uma oportunidade para nos conectarmos. Lembrar a máxima “Ama-me quando eu menos mereco. É quando eu mais preciso” porque de facto, nada substitui a sensação de porto seguro sempre que sentimos que alguém está perto e gosta e verdadeiramente de nós, mesmo quando fazemos todos os disparates. As emoções difíceis dos nossos filhos e a forma como eles as conseguem comunicar são sempre um pedido de ajuda e sobretudo, uma oportunidade para nos conectarmos, crescermos e curarmos. Além disso, é este reconhecimento, aceitação e abertura que permite compreender e construir pontes de comunicação no momento, e futuras.

 

  • Apoiar os nossos filhos na descoberta do seu mundo emocional e na compreensão do mundo emocional dos outros. Podemos aproveitar as situações do quotidiano para trabalhar o processo de reconhecer e nomear a emoção que está a ser sentida. Sempre que reconhecemos o que estamos a sentir e o aceitamos sem julgamento, tornamo-nos mais capazes de assumir o leme das nossas próprias experiências emocionais. Perguntar o que sentem, onde sentem, expressarmos nós aquilo que observamos: “Vejo que estás a ficar zangado…”, tentar imaginar o que os outros estarão a sentir: “Olha aquela senhora… tem os ombros encolhidos e a cabeça baixa… o que achas que estará a sentir? O que poderá ter acontecido para que sentisse assim?”, são apenas alguns exemplos que ajudam a materializar esta intenção.

 

  • Estabelecer limites e apoiar na resolução de problemas. Construir caminhos conjuntos no encontrar de soluções alternativas para situações futuras. As crianças precisam de autonomia mas precisam também do nosso suporte no sentido de as ajudar a refletir nas aprendizagens que advêm dos diferentes desafio. Ensinar que todas as emoções são aceites mas nem todos os comportamentos o são, é importante para que a criança vá fazendo a sua própria análise e autorregulação. Ex. “Entendo que estejas chateado mas não bater não é bom. Como podes mostrar que estás zangado de outra forma?”

 

  • Não condicionar ou condenar a expressão emocional dos nossos filhos. Muitas vezes usamos com a melhor das intenções expressões como “Não chores!” ou “Deixa lá isso que já passa” e com isso transmitimos a mensagem de que aquela emoção não é boa, ou devia ser escondida ou desvalorizada. Este é um problema nosso. A dificuldade de lidar com o sofrimento dos nossos filhos embora natural, é nossa, e é importante esta consciência para que não transmitamos esta sensação de que há coisas que eles não deviam sentir.

 

 

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Eu, Rita.

Sou psicóloga e formadora com especialidade na área da saúde e da educação e trabalho como psicóloga escolar desde 2006, atividade que muito me preenche e me faz acordar todas as manhãs cheia de energia e vontade de continuar a aprender.

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